17 dezembro 2009

Cinquenta anos depois sai Siderúrgica do Pecém

Orçada em U$ 4 bilhões somente na sua primeira etapa, a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) deverá entrar iniciar a produção em 2013. O empreendimento vai gerar 15 mil empregos diretos, além de oito mil indiretos. Após esta fase, a empresa deverá contratar mais quatro mil funcionários e outros 10 mil colaboradores indiretos. Considerado o maior projeto siderúrgico em curso no Brasil, o convênio resulta da parceria assinada ontem no Pecém entre o governo cearense, a Vale e a empresa coreana DongKuk.

O governador Cid Gomes enfatizou que o Ceará está vivendo um momento histórico. “O Brasil é um grande exportador de agronegócio, minério de ferro e futuramente poderá ser de petróleo e, ao invés de exportar a matéria-prima, podemos passar a comercializar produtos prontos, os derivados do petróleo, as lâminas de ferro e outros, daí a importância desta obra”, ressaltou.

Compromisso
Por sua vez, o presidente da Vale, Roger Agnelli, considerou-se feliz por estar em um Estado onde os políticos são comprometidos com o desenvolvimento social. Agnelli confirmou que, após implantada, a CSP será com certeza, uma das maiores e mais modernas fornecedoras de placas de aço do mundo. Ele explicou que o projeto inicia-se com a Dongkuk e a Vale. Já o Governo do Estado é responsável por oferecer as condições de infraestrutura necessária para a implantação da CSP. “O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), poderá ser, se optar, um parceiro do empreendimento”, reforçou.
Já o presidente da Dongkuk, Young Chul Kim, declarou que o Ceará, com a implantação da siderúrgica, passa a exercer um papel importante no mundo globalizado e vai contribuir para o desenvolvimento cultural entre os dois países. Ele agradeceu o empenho do presidente Lula e do governador Cid Gomes citando um provérbio coreano que diz: “não existe vento que derrube uma árvore com raízes fortes, e essas raízes são a CSP”. Mister Kim finalizou confirmando a siderúrgica do Pecém como “o grande empreendimento do século 21 para a Dongkuk”.

Momento propício
Para o governador, o momento atual em que o Estado vive é bastante propenso aos investimentos. “O PIB do Ceará cresceu, nos últimos 12 meses, 3,5%, enquanto que no Brasil houve uma redução de 1%. Vale ressaltar, ainda, a criação de 52.468 novos empregos com carteira assinada neste mesmo período”, acrescentou Cid. A quantidade de vínculos empregatícios é maior que o ocorrido na Bahia, estado com PIB duas vezes maior que o cearense.

No evento, foram assinados três contratos, sendo o primeiro relacionado ao inicío imediato das obras para construção do complexo siderúrgico. O segundo termo é relativo à construção do trecho V do Eixão das Águas, que deverá interligar o sistema de reservatórios da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) com o Complexo Industrial e Portuário do Pecém, cujo montante está avaliado em R$ 247 milhões. Já o último contrato firmado foi referente ao fornecimento, montagem e descarregamento de carvão mineral para a CSP.

O deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB) afirmou que 0,5% dos investimentos realizados na CSP serão destinados para a preservação do meio ambiente“. “As grandes corporações internacionais estão se preocupando com as questões ambientais e nós não poderemos ficar na contramão. E é exatamente por isso que tem verba destinada a esta preservação”, afirmou.
Além dos contratos firmados, Cid anunciou ainda a futura construção dos dutos de água que deverão triplicar a reserva e a disponibilização do líquido. Os dutos deverão passar cerca de 1.600 mm de água, numa extensão de 55 km no Estado.

Produção de placas de aço
Quando concluída a primeira etapa de sua construção, a CSP deverá produzir aço no formato de placas, através da utilização de minério de ferro como obra-prima. Nesse período deverão ser produzidos três milhões de toneladas de aço por ano, que serão destinados a Dongkuk. Já em sua segunda fase, a produção deverá ser duplicada. Além das placas de aço, a CSP produzirá também energia elétrica para consumo próprio. E, quando houver excedente, será disponibilizada para o mercado nacional.

Compensação ambiental
Para a construção da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), que teve suas obras iniciadas ontem, várias compensações ambientais vão acontecer. A garantia foi dada pelo presidente da Vale, Roger Agnelli, durante entrevista coletiva. Agnelli foi enfático ao afirmar que a prática de compensações ambientais faz parte do modo de trabalho da Vale em todo o Brasil e isso se repetirá no Ceará. Na entrevista, o governador Cid Gomes ressaltou que não existe qualquer entrave no terreno de instalação da CSP e que todo ele foi desapropriado.

A Companhia Siderúrgica do Pecém é um dos mais importantes empreendimentos privados do Nordeste e um dos maiores do Brasil. Faz parte da estratégia da Vale incentivar novos projetos siderúrgicos no Brasil, um dos países que possuem o mais baixo custo de produção, através de participações minoritárias temporárias com o objetivo de ser fornecedor exclusivo de minério de ferro e pelotas. Além disso, o projeto permitirá promover o crescimento da siderurgia no País, agregando valor ao minério e gerando riqueza e desenvolvimento para o Brasil e para o estado do Ceará. A CSP tem investimento estimado em cerca de US$ 4 bilhões na primeira fase.
O Ceará foi escolhido devido às facilidades logísticas e à sua localização estratégica favorável para a exportação. Além disso, a área com cerca de mil hectares possui solo apropriado à instalação desse tipo de indústria. A siderúrgica contará ainda com a infraestrutura portuária do CIPP, que possui excelentes instalações de carga e descarga de materiais e produtos, além de acesso fácil por rodovias e ferrovias.
Jornal O Estado

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